Insónia

Insónia: o pesadelo de quem não dorme
É necessário dormir um sono profundo e reparador para que o organismo recupere energias e esteja capaz de enfrentar um novo dia. Porém, quando somos confrontados com a falta de sono constante, questionamos as razões de tal anomalia. A insónia é uma perturbação do sono, que se traduz frequentemente por queixas de sono insuficiente, em termos quantitativos ou qualitativos, e que provoca alterações na qualidade do descanso do indivíduo. «As causas da insónia podem dividir-se em primárias ou secundárias. Às primárias estão associadas doenças psiquiátricas ou de outra índole. Nas secundárias, as origens podem estar ligadas a factores ambientais ou à ingestão de substâncias químicas», refere o Dr. Patrício Leite, médico especialista em Medicina Geral e Familiar. Ainda relativamente às insónias secundárias, as causas são muito variadas. O ruído, o excesso de luz no local de repouso, os hábitos higiénicos, o sedentarismo e o desfasamento dos horários de trabalho e lazer influenciam tanto o sono como a capacidade de descanso. Também o abuso de café, álcool e tabaco podem originar insónias ou diminuir a qualidade do sono. «É frequente uma pessoa adulta vir à consulta de Clínica Geral e referir que todas as noites tem dificuldade em adormecer, por vezes permanecendo acordada na cama mais de duas horas. Diz ainda que no dia seguinte se sente muito cansada, com dificuldades em realizar o seu trabalho, habitualmente esquecendo-se das coisas, ou seja, com uma sonolência diurna acentuada», menciona Patrício Leite, referindo-se às queixas mais apresentadas pelos pacientes que padecem desta patologia.

Insónia: terapias associadas
O indivíduo deverá dirigir-se, em primeiro lugar, ao médico especialista em Medicina Geral e Familiar, o qual tratará a insónia em 90% dos casos. Em relação ao tratamento, Patrício Leite informa que «o indivíduo deverá dirigir-se, em primeiro lugar, ao médico especialista em Medicina Geral e Familiar, o qual tratará a insónia em 90% dos casos. Nas restantes ocorrências, reencaminhará o paciente para o especialista mais adequado». Dada a alta prevalência da insónia na população geral, têm surgido vários tratamentos não farmacológicos com a finalidade de combater a insónia e/ou ajustar o quotidiano do indivíduo ao seu problema. Todavia, certas medidas dietéticas, nomeadamente, a redução do consumo de café e álcool costumam ser eficazes na regularização da qualidade de sono. «O exercício físico regular (30 a 40 minutos, duas a três vezes por semana) favorece a resolução do problema de forma moderada. Já os hábitos de vida regrados, como a hora certa de deitar e acordar, assim como a eliminação de ambientes perturbadores e/ou instáveis, contribuem eficazmente para a melhoria da qualidade do sono e, consequentemente, do descanso», sustenta o especialista, prosseguindo: «Algumas terapias cognitivo-comportamentais, fundamentadas no relaxamento muscular profundo, associadas a fantasias guiadas têm-se mostrado muito eficazes, quando os indivíduos pretendem educar a sua higiene do sono», aponta o clínico geral. No que diz respeito à terapêutica farmacológica, Patrício Leite sublinha que «há vários grupos de fármacos capazes de interferir com o sono. De um modo geral, os hipnóticos e as benzodiazepinas devem ser usados por curtos períodos de tempo, inclusive pelo risco de causarem habituação e modificarem a qualidade do sono». O médico salienta, ainda, que «por outro lado, os medicamentos antidepressivos/sedativos serão uma escolha adequada, não só pelo combate à insónia frequentemente associada à perturbação de humor, mas também porque regularizam o sono sem interferirem na sua qualidade». «Em qualquer insónia associada a uma doença médica primária, é obrigatório o tratamento dessa mesma doença e não apenas procurar o controlo isolado da insónia.»
 
Insónia: população afectada
A duração da perturbação do sono depende da causa que lhe está subjacente. Quanto à população afectada, a prevalência geral é de aproximadamente 40%. No entanto, esta incidência depende de dois factores: da sensibilidade do médico para diagnosticar a perturbação do sono e da gravidade da situação individual. Patrício Leite esclarece que «a prevalência na população dos 15 aos 44 anos permanece razoavelmente estável. Com o avanço da idade, verifica-se que a quantidade de sono por noite diminui, mantendo-se assim até à terceira idade. No entanto, a diminuição da quantidade de sono, por noite, não significa automaticamente uma perturbação do sono». A duração da perturbação do sono depende da causa que lhe está subjacente. Quando se trata de uma insónia primária, associada a doença crónica, naturalmente persiste. Quando associada a factores ambientais, externos, a mudança do ambiente fará cessar a insónia.
 
in Revista Medicina & Saúde - Abril 2007