METODOLOGIAS DE EDUCAÇÃO PARA A
SAÚDE
Comunicar é tornar comum, isto é partilhar ou
comungar aspectos da vida humana. Se por um lado, como revela a pragmática da
comunicação, “não há não comunicar”, o que significa que em toda e qualquer
interacção humana o factor comunicação está sempre presente; por outro, em
educação para a saúde a comunicação toma uma tonalidade muito particular pois
é, não só consciente como também, orientada para objectivos e resultados.
Efectivamente educar pressupõe a transmissão de informações, comportamentos,
atitudes e emoções de uma parte ( o emissor ) para outra ( o receptor ); e a
comunicação é, por assim dizer, o modo pelo qual essa acção se pode realizar.
Aos teóricos da comunicação, deve-se a identificação
dos chamados elementos fundamentais da comunicação, como sendo: emissor,
receptor, mensagem, código, contexto e contacto (ou canal). Estes elementos
fundamentais estão presentes em todo o tipo de comunicação, tanto verbal como
não verbal. Associado a cada um destes elementos há, na comunicação verbal, uma
interrogação, isto é:
Emissor Þ Quem diz ?
Receptor Þ Quem escuta ?
Mensagem Þ O que se diz ?
Código Þ Como se diz ?
Contexto Þ De que se fala ?
Contacto Þ Que meio se usa para dizer
?
Também, associado a cada um dos elementos
fundamentais da comunicação, se encontra uma função da linguagem, de acordo com
o centro á volta do qual gira essa comunicação.
Comunicação centrada no:
Emissor Þ Função emotiva
Receptor Þ Função apelativa
Mensagem Þ Função metalinguística
Código Þ Função informativa
Contexto Þ Função declarativa
Contacto Þ Função indutiva ou
imperativa
Por outro lado, há tipos de linguagem verbal, mais
apropriados ao desempenho de uma determinada função.
Exemplos:
Linguagem padrão Þ Cuja função principal é
informar
Linguagem cuidada Þ Cuja função principal é
apelar
Gíria ou linguagem técnica Þ Cuja função principal é declarar
Calão Þ Cuja função principal é
emocionar
Em educação para a saúde uma estratégia de
comunicação bem sucedida implica não só considerar os elementos básicos da
comunicação como também compreender os métodos pedagógicos, a didáctica, as
ciências da educação e outras.
As comunicações devem ser ponderadas em termos das
necessidades envolvidas como sejam: alimentares; de segurança, higiene ou
gestão do stress, da esfera sexual
etc. Também os hábitos ou estilos de vida se relacionam com a mudança de
atitudes e expectativas nomeadamente de consumos como açúcar, tabaco, álcool,
drogas ou doenças de transmissão sexual como a SIDA. A experiência prévia dos receptores,
assim como os seus interesses e motivações constituem factores a ponderar de
modo a melhorar a susceptibilidade à mudança.
Do lado do emissor é preciso considerar que nem sempre
os produtores da informação, são os seus difusores e por isso se identifica os
factores condicionantes da credibilidade como o prestigio, autoridade, a
utilidade e pertinência para que ela seja emitida e aceite com altos padrões de
qualidade.
As mensagens devem ser úteis e pertinentes, mas
também simples e adequadas para melhorar a sua aceitabilidade e difusibilidade.
Quando se usam mensagens simples, no timing
certo, em pequeno numero (máximo de 6) e repetidas muitas vezes; a sua
aceitabilidade pelos meios de comunicação e pelo publico alvo, melhora
acentuadamente. Em qualquer modalidade pedagógica há sempre o risco de tratar
os receptores como crianças com mensagens demasiado simples e detalhadas ou
como “gigantes” com tecnicismos e outros conceitos difíceis de entender.
As mensagens podem ser verbais e não verbais,
manifestas ou latentes, mas o código tem de ser entendido por ambas as
partes para evitar explicações sucessivas sobre aquilo que o emissor queria
dizer. Tal significaria perda da eficiência de comunicação.
Os emissores da mensagem podem ser envolvidos por
grande popularidade e prestigio, isso por vezes leva-os a emitir opiniões sobre
cada vez mais assuntos, sair do contexto da comunicação, e grande
probabilidade de se enganarem. Isto acarreta diminuição da sua credibilidade.
Os canais de comunicação ou meios de contacto
devem ser adequados às mensagens difundidas e audiência de modo a melhorar a
capacidade de penetração e difusão nos
grupos alvo. A eficiência é maior quando se selecciona um meio de
comunicação especifico e adequado aos hábitos de determinado grupo alvo.
De um modo geral os meios de comunicação social
escrita como os jornais e revistas têm uma influencia mais duradoira, mas
restrita a alguns grupos sociais; por outro lado os audiovisuais têm maior
penetração e impacto e permitem em pouco tempo dar a conhecer uma ideia ou uma
técnica de melhoria da saúde e qualidade de vida.
Em qualquer das situações a selecção de um meio de
comunicação implica sempre considerar as vantagens e inconvenientes assim como
as suas condições de utilização.